desapegando e evoluindo

A prática do desapego para ter uma vida nova

por Barbara Teisseire

Muito se fala do desapego como algo negativo, mas este substantivo está longe de ser sinônimo de frieza ou egoísmo. Desapegar-se nada mais é do que renunciar àquilo que não tem mais utilidade para você ou que não faça mais sentido manter. Isso melhora as relações interpessoais e promove maior liberdade no dia a dia.

Coisas que fazem parte do seu passado e não acrescentam no seu presente devem permanecer no passado. Alguns exemplos disso são mágoas, objetos que trazem lembranças negativas ou sensações negativas, e coisas que já não são mais usadas.

Sabe aquela calça que você adorava usar em 2017 e hoje não serve mais? Desapegue. Aquele rancor da sua colega de faculdade por conta de algo que aconteceu em 2013 também deve ser desapegado. O apego excessivo pode gerar sobrecarga, tanto física quanto emocional.

O desapego é deixar que coisas, pessoas e acontecimentos do nosso passado fiquem no passado. Desapegar não é esquecer. Tudo isso faz parte de nossa história e é importante reconhecer isso, mas não podemos ficar presos a estes elementos e o movimento de desapego é acreditar que o novo é mais satisfatório do que aquilo que já passou.

Existem 2 tipos principais de movimentos:

  • O emocional diz respeito a pessoas e acontecimentos que já tiveram seus ciclos encerrados.
  • O material é relacionado a coisas e objetos que já não têm utilidade no momento que você está vivendo.

Além de liberar espaço físico, o desapego material é importante pois estes objetos geram acúmulo de energia mental, pois eles nos lembram do momento em que eram utilizados. Passam então uma sensação de que não há espaço para o novo, gerando dificuldades de crescer e evoluir.

Mas porque acumulamos tantas coisas materiais que não fazem sentido para nós? Para Nietzsche, nós transformamos uma infelicidade pessoal em um desejo material para satisfazê-la, como se o material fosse suprir aquilo que nos falta espiritualmente. Não é através da posse de algo que seremos felizes e o filósofo alemão acredita que o desejo leva à dor e ao tédio: querer algo que não possui gera sofrimento, mas ao possuir, não queremos mais, levando ao tédio. É um ciclo vicioso de insatisfação. Para o Budismo, o desejo é a causa de todo o sofrimento humano.

O medo de perder coisas e pessoas é comum, mas em excesso pode afetar a saúde mental e física. A falsa sensação de que precisamos manter aquilo em nossas vidas gera ansiedade e nervosismo, podendo levar a psicopatologias mais graves. Uma boa maneira de saber se vale a pena manter aquilo é se perguntar qual papel a coisa ou pessoa exerce em sua vida atual. Se houver muita dificuldade para responder essa questão, é interessante repensar se aquilo faz sentido no agora. Contudo, tome cuidado para não substituir o desejo de ter pelo desejo de não ter.

Apesar de tudo, o apego não é apenas psicológico. Existe uma área do cérebro humano, chamada de amígdala, responsável por nos proteger contra perdas. É necessário verificar até onde o apego é ação neurológica e onde começa a ser psicológica.

Aprender a desapegar é um exercício de autoconhecimento, às vezes sendo necessário o auxílio da psicoterapia para compreender seu comportamento como um todo. Mesmo sendo difícil, é um exercício necessário para se concentrar no presente e no que está vivendo agora.

O desapego pode ser um processo doloroso dependendo daquilo que precisamos deixar para trás, mas muito importante na busca por um caminho mais pacífico e satisfatório sem que o passado te prenda.

Não existe uma receita mágica para praticar o desapego, mas existem algumas dicas que podem ser seguidas para facilitar o processo:

  1. Assumir sua realidade: tenha consciência do momento em que está atualmente, repare no que está sobrando e se aquilo ainda faz sentido para você.
  2. Estabelecer um objetivo: onde quer chegar? Do que você gostaria de se desfazer? O que está te incomodando?
  3. Traçar um plano de ação: você já tem seu objetivo, mas como alcançá-lo? A que você precisa renunciar para chegar lá?
  4. Criar uma rotina: se você precisa fazer algo com certa frequência para atingir seu alvo, estabeleça uma rotina para não se desviar do seu caminho.
  5. Prestar atenção às companhias: esse é um processo que diz respeito apenas a você, mas se você sente que seus amigos e colegas estão incentivando o seu acúmulo por coisas que não necessita mais, talvez seja interessante repensar esta amizade.

Atenção: não confunda o apego excessivo de uma pessoa saudável com a acumulação. Este é um transtorno psicológico que pede por tratamento através da psicoterapia.

 

Ricardo Hida é astrólogo, tarólogo e babalorixá. Autor do livro Guia para quem tem Guias – Desmistificando a Umbanda. Apresentador do programa “Encontro Astra”, todas às terças-feiras, às 19h30, na rádio Vibe Mundial, 95,7 FM.


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