Caminho da Índia

Pense em 5 destinos espirituais. Pensou? Certamente a Índia e o Nepal estarão entre as primeiras opções, talvez junto de Itália e Israel.

Viajar para a Índia é uma experiência muito diferente, mesmo para quem já tem os passaportes muito carimbados. O destino é lindo, muito exótico e, que por isso mesmo, exige planejamento e organização. Prepare-se psicologicamente. Você vai se deparar com muita sujeira e pobreza. A maior parte dos brasileiros quando volta do país realmente acredita que o Brasil é abençoado. Talvez nunca tenham ido ao Vale do Jequitinhonha, mas perto da periferia de Delhi, as nossas favelas não são tão miseráveis assim.

O que mais causa espanto é o contraste. As cores, a beleza, a majestade dos monumentos e festas indianas e aquele outro lado de sujeira e privação.

Ainda assim, o povo é bem pacífico e acolhedor. Matar por um Iphone, carro ou carteira é inconcebível. A teoria do karma assombra os indianos, mesmo aqueles que não são hindus. Vai que fica pior no futuro…

Não há voos diretos do Brasil para a Índia. É possível ir via Europa, mas as melhores opções são via Oriente Médio. Qatar e Emirates. É preferível optar por uma operadora de turismo, mas se quiser ir por conta própria, segue abaixo um roteiro.

A Índia e o Nepal exigem visto, portanto peça com antecedência. Muita gente reclama do atendimento dos consulados e eventuais confusões. O mais importante conselho: faça um seguro de viagem. Não arrisque, pelo amor de Shiva! Eis um mantra a ser seguido nesta viagem, assim como não beber água que não seja mineral e engarrafada. Outro conselho essencial:  opte por hotéis com no mínimo, 4 estrelas. Não são caros e a diferença de qualidade é enorme. A menos que você vá para um ashram.

A Índia até pouco tempo era uma somatória de reinos. Ao norte, a presença britânica e muçulmana se fez mais forte. A oeste há Goa, com suas praias e resorts, e onde se fala português. Ao sul, um país bem distinto. O roteiro mais tradicional é o triângulo dourado, que envolve Agra, Jaipur e Delhi. Varanassi é uma cidade complementar e muito mística. O roteiro fica melhor combinado com o Nepal. O ideal é passar uns 7 a 9 dias na Índia e 3 dias no Nepal.

(Jama Masjid)

Como a maior parte dos voos internacionais chega em Delhi, comece a viagem pela cidade. Visite a cidade antiga, onde estão alguns dos monumentos mais emblemáticos do país,  incluindo a maior mesquita da Índia, Jama Masjid. Faça uma parada no Forte Vermelho. Vale a pena conhecer o Raj Ghat, em memória de Ghandhi, o Índia Gate, a Casa do Parlamento, o Palácio Presidencial e o minarete Qutub Minar, um dos mais altos do mundo. Há quem faça passeio em rickshaw. Particularmente acho desumano usar o transporte puxado por homens em bicicletas ou a pé, assim como fazer qualquer coisa com elefantes, mas cada um com sua consciência. Em Delhi, se puder, conheça uma comunidade sihk. Mas para isso é preciso indicação no hotel ou com operadores de turismo.

No dia seguinte, prepare-se para ir a Jaipur. É possível usar trem e ônibus. Melhor optar por um motorista. A capital do Rajastão é conhecida pelos edifícios rosa escuro, cor que representa a hospitalidade na cultura Rajputa. Fundada por Raja Jai ​​Singh no século 18, está cercada por colinas no topo das quais foram construídos fortes e palácios que inspiraram contos de fadas. Camelos andando lentamente e os habitantes vestidos com cores vivas, refletem uma herança do deserto em Jaipur. Enquanto isso, os mercados estão cheios de maravilhosas lembranças, tecidos à mão e artesanato. Hora de comprar os souvenires da viagem.

O Forte Amber é um ponto obrigatório. De lá é possível apreciar a histórica cidade dos reis de Amber, ao lado do Lago Maota. Organize-se para visitar o Palácio do Maharaja (também conhecido como palácio da cidade), antiga residência real convertida em museu. Não deixe de ir ao Hawa Mahal (Palácio dos Ventos), construído em 1799 para que as damas pudessem se divertir observando a agitação da cidade sem serem vistas .Se puder, participe de uma cerimônia no  templo hindu Laxmi Narayan .

Deixando Jaipur, com destino a Agra,  visite o Abhaneri (Chand Baori)  construído em 800 DC.pelo rei Chand da dinastia Chahamana, e considerado um dos maiores  monumentos da Índia. Contém 3500 degraus em 13 níveis com uma profundidade de 20 metros. Se puder, dê uma parada  na cidade abandonada de Fatehpur Sikri, construída pelo rei Akber no século XVI.

(Taj Mahal)

Agra é a última cidade do Triângulo Dourado. Lá se encontra o famoso Taj Mahal (fechado às  sextas-feiras), construído por Shah Jahan em memória de sua esposa Mumtaz Mahal, que morreu em 1631. Este mausoléu majestoso combina elementos de arquitetura islâmica, persa, indiana e até mesmo turca. Estima-se que trabalharam no palácio cerca de 20.000 trabalhadores da Pérsia, Turquia, França e Itália e levose 22 anos para ser concluído este Poema de Amor em mármore. Se tiver brasileiros perto, acredite que vão cantar a música do Jorge Benjor.

Em seguida, visite o Forte de Agra, construído pelo imperador Akbar entre 1565 e 1573. O forte é a história de Mughal Agra e oferece uma visão mágica do Taj Mahal. Visite a Itmad-ud-Daulah, o “Baby Taj Mahal” túmulo requintado construído em honra de Mirza Ghiyas Begvis, por sua filha, mulher do imperador Jahagir.

De Agra, pegue o trem para Jhansi. São 4 horas de viagem, mas que valem a pena. Visite Orcha, uma cidade pequena e interessante, cheia de palácios e templos e depois mergulhe em Khajuraho. Conheça os famosos templos de Kamasutra, dos Templos Oriental e Ocidental, construídos pelos Reis Candela entre os anos 950 e 1050, famosos por suas cenas eróticas. Visite  também os Templos Kandariya Mahadev, Chaunsat Yogini, Visvanath, Lakshmana, Varaha e Chitragupta.

De lá, pegue um voo para Varanassi.  Na cidade, não deixe de ir à cerimônia religiosa “Aarti” dedicada ao rio Ganges. Visite também Sarnath, lugar onde Buda pregou seu primeiro sermão “Maha-Dharma Chakra Pravartan” ou “ A roda da lei”. Conheça as ruínas do templo que representam o Mula Gandha-Kuti e o Museu Arqueológico de Sarnath.

De Varanassi, pegue um voo para Katmandu, capital do Nepal. Lá é possível viistar a Durbar Square, centro da cidade antiga. Conglomerado de templos e santuários, com tetos de madeira esculpida, portas e janelas. Visite o Templo de Jagganath, famoso por suas esculturas eróticas e a aterrorizadora imagem de pedra dos seis braços Kala Bhairab. Organize-se para ir até a residência de “Kumari Devi”, a única deusa viva do mundo. Obrigatória a ida ao templo mais sagrado do Nepal, “Pashupatinath”, assim como Patan, uma cidade antiga que é a segunda maior cidade do vale.

(Braktapur)

Faça um excursão até Bhaktapur ou “A Cidade dos devotos” que mantém o encanto medieval. O templo de pedra de Batsala Devi, que também está localizado na Praça de Durbar, está cheio de esculturas intrincadas. A praça principal da cidade contém inúmeros templos e outras joias arquitetônicas, como o Portão do Leão, a Estátua do Rei Malla Bhupatindra, a Pinacoteca, o templo de Batsala. O pagode de cinco andares foi construído em 1702 pelo rei Bhupatindra Malla. Não deixe de ira ao Templo de Bhairavnath, conhecido por sua grandeza artística. É dedicado ao Senhor Bhairav, o Deus do terror.

De Katmandu é possível pegar um voo para retornar a Índia e de lá, voltar ao Brasil.

Fotos: Divulgação

 

Ricardo Hida é astrólogo, tarólogo e babalorixá. Autor do livro Guia para quem tem Guias – Desmistificando a Umbanda. Apresentador do programa “Encontro Astra”, todas às terças-feiras, às 19h30, na rádio Vibe Mundial, 95,7 FM.

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